sábado, 14 de junho de 2014

Postado por K às 11:42
Nada melhor do que uma auto-análise. Ver suas ideias no passado e pensar ”poxa, eu pensava desse jeito tão pequeno? Tão ingênuo?” ou até “poxa, sinto saudades de conseguir pensar dessa forma esperançosa”.
Quando a gente cresce e começa a viver lá fora, a trabalhar, estudar e conhecer gente das mais diversas cabeças e idades, nós expandimos o nosso horizonte de forma um tanto desenfreada, há muita informação vindo de todos os cantos, tanta que as vezes parece que a cabeça vai explodir.
A gente conhece pessoas com ideias bacanas, mas também conhece muita gente sem noção ou escrúpulos, que não pensa duas vezes antes de prejudicar ou magoar alguém apenas para o seu bel prazer. Isso de início machuca bastante para quem não está acostumado, alguém como eu, mesmo que não tenham feito nada comigo.
Sabe, um dos meus estilos de história favorito é daqueles heróis que vencem graças a ajuda dos amigos, que lutam bravamente pelo que acreditam ser o certo, com um final emocionante e feliz. Mas meus gostos tem mudado um tanto, atualmente ando preferindo histórias que falam sobre as várias faces que uma pessoa pode ter, aos extremos que ela consegue chegar por alguém ou alguma coisa. Eu tenho pego um certo gosto pelo amargo agora, aquela pitada de realidade na vida que antes eu separava do prato.
A uns três anos atrás eu estaria chorando porque a Realidade entrou aqui, e eu chorei mesmo, não minto. Não conseguia ver o lado positivo dela, apenas queria a Magia de volta, apenas as coisas doces e as palavras inocentes que vinham dela, o conforto e as tardes mornas ausentes de preocupações. Minha nossa, como eu era infantil.
Esse processo foi necessário, agora enxergo com mais clareza do que nunca, a Magia não podia ter o lugar só para ela, havia chegado a hora em que ela precisaria dividir a casa. Na época eu não aceitava, eu achava que a Realidade pintaria tudo de cinza, a casa, os móveis… Eu. Nunca parei para pensar que talvez a Magia nunca tivesse saído daqui, apenas dividiu seu espaço, mas claro, eu nunca quis ouvir a Realidade.
"Ei, eu não expulsei ninguém, ela ainda está aqui" tentava me explicar, mas eu parecia apenas entender "Ela nunca mais vai voltar, me aceite e beba esse chá gelado e puro"
Hoje, ao reler textos antigos e olhar para dentro depois de tanto tempo, notei que a Magia estava ali o tempo todo, conversando com a Realidade enquanto tomavam café forte, depois jogavam baralho amigavelmente. Hoje descobri que a Realidade não gosta de ser como é, que ela também tenta escapar as vezes, como eu tentei por todos esses anos, que ela também não aceita muitas coisas. E notei que a Magia gosta de aprender. A partir desse dia, passei a entender como a Realidade e a Magia funcionavam juntas.
Moleskine
E que eu poderia, afinal, ser realista, mas ao mesmo tempo, feliz.
PS: Quando eu pensava na possibilidade de ser tomada pelo cinza, a Realidade me respondeu (que na época não dei ouvidos):
É cinza quem se deixa tirar as outras cores.
E notei que ela não era assim tão cinza.

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